domingo, 5 de março de 2017

Os donos da bola



Jogo grande da jornada com a liderança da Liga de Elite em cima da mesa e um resultado que quase ninguém apostaria que poderia acontecer.

O Benfica vergou o até aí líder Monte Carlo por 6-0, e para quem acompanhou os 90 minutos, percebeu-se que foi na táctica montada que esteve a diferença: Henrique Nunes jogou para bater os canarinhos, e Claúdio Roberto apostou no cavalo errado para tentar manter-se no topo da classificação.

O jogo começou e cedo se percebeu que o Benfica vinha para não dar grande margem aos amarelos e azuis. E desde logo, o Monte Carlo mostrou a primeira fraqueza: Ho Man Fai. O guarda-redes local, dono da baliza canarinha e da selecção, fez muito daquilo que já nos habituou com saídas em falso e reposições de bola que deixam a equipa à mercê do adversário.

Não foi por isso de admirar que o Benfica pudesse ter feito os primeiros golos muito cedo, com perdidas de Nicholas Torrão e Leonel Fernandes.

O Monte Carlo queria sair a jogar com a bola no pé. Voltou a apostar em Anderson à frente de um eixo defensivo com três elementos, e foi o brasileiro a criar a primeira boa iniciativa, aos 10 minutos, mas a entrega de bola do lado direito do ataque encontrou o capitão benfiquista e Filipe Duarte anulou a jogada com um corte pela linha lateral.

Aos 22 minutos surge com naturalidade, o primeiro do Benfica: Chan Man cruza muito largo para encontrar Nicholas Torrão ao segundo poste e o goleador dos encarnados faz o 1-0 de cabeça sem qualquer oposição.
Um primeiro golo que reflecte precisamente aquilo que foi o esquema montado pelo técnico do Benfica: bola levantada para a área do Monte Carlo e os avançados encarnados a fazerem a pressão à defensiva canarinha.

A estratégia resultou em toda a linha.

Até à meia hora de jogo, só por duas vezes o Monte Carlo conseguiu importunar a baliza à guarda de Batista.
O 2-0 é de Edgar Teixeira e a receita foi a mesma: a bola vem de um lado ao outro do campo encontra a cabeça de Pang Chi Hang, sobra para Leonel (fez a assistência, o que é de sublinhar) que dá um toque subtil para o médio desferir um remate forte sem hipótese de defesa para Ho Man Fai.

Dois golos não era o fim do mundo para o até aí líder Monte Carlo, mas a liberdade de movimentos dos encarnados na grande área do adversário não fazia adivinhar que os canarinhos conseguissem travar o ataque à baliza, e Leonel Fernandes podia ter feito o 3-0 de seguida, num remate acrobático em que a bola sai ao lado.
Mas ainda antes do intervalo, o artilheiro da Liga de 2016 conseguiu fazer o golo, de cabeça, em resposta a um livre da direita cobrado por Edgar Teixeira. Novamente, uma saída em falso do guarda-redes do Monte Carlo a permitir o terceiro ao Benfica.

No segundo tempo, a toada manteve-se.
Nicholas Torrão volta a falhar na cara de Ho Man Fai, mas chegou o quarto golo, aos 54 minutos, que começa numa bola recuperada pelo médio Edgar Teixeira do lado direito que entrega a Chan Man e o lateral serve Meireles já a entrar na área em velocidade, cruzando para Leonel empurrar para o fundo das redes. O avançado encarnado completamente à vontade na área.

Era a confirmação de que o Benfica estava a colher os frutos da estratégia de Henrique Nunes.

Já o técnico do Monte Carlo, que deixou Leandro Tanaka de fora, para depois colocar o médio no lugar de Keverson.
Aos 4-0 e ainda com meia hora de jogo pela frente, Cláudio Roberto a tentar fazer pela vida, no entanto, até aí, tanto Keverson, como Neto, apareceram muitíssimo recuados no terreno, sinal de que o futebol normalmente praticado pelo Monte Carlo não estava a sair. De Neto então não se viu um único lance típico, simplesmente não conseguia chegar à baliza encarnada. O mesmo com Wilson Sadan, que até tem estado em evidência neste conjunto.
A linha defensiva terminou com quatro elementos, com Anderson a recuar, já que não foi possível ao Monte Carlo ter posse de bola e construir jogo de trás para a frente com a bola no pé, como parece ser a filosofia dos canarinhos.

Aos 69 minutos o Monte Carlo dispõe de um livre cobrado por Tanaka e defendido a dois tempos por Batista, com Filipe Duarte a sacudir o esférico pela linha lateral, mas o perigo andou longe da baliza encarnada.

Leonel Fernandes faz o golo da tarde aos 72, com trabalho de Alison Brito na área e Pang Chi Hang a cruzar para uma acrobacia do avançado madeirense que dessa vez concretizou em golo.

E depois já perto do final, Alison Brito em contra-ataque opta por assistir o recém-entrado Lee Keng Pan que fecha as contas em 6-0.

O Benfica é líder isolado da Liga de Elite, já tinha sido líder depois da primeira jornada mas ex aequo, e volta ao topo da classificação com uma vitória contundente sobre um adversário directo.

De sublinhar que o Benfica vinha de várias goleadas depois do empate com o Ching Fung, que não estava certamente nas contas de Henrique Nunes, e nesta jornada, surpreendentemente, continuou.

O domínio do Benfica não é novo, uma vez que o poderio do tri-campeão é evidente e indesmentível. Pelo nível do plantel que tem, pela qualidade e experiência do treinador e pela estrutura que já está montada há anos. Mas não se esperava, certamente, que um jogo contra um adversário directo terminasse com um placar destes.

Henrique Nunes pensou na estratégia certa para anular o adversário, enquanto o Monte Carlo pareceu querer jogar da mesma forma contra o Benfica como o faz com outras equipas, e foi mais evidente a diferença entre os dois conjuntos.

(Foto: Bessa Almeida, Macau Bolinha e Bolão)

Sem comentários:

Enviar um comentário